31 de janeiro de 2014

um mapa na mão esquerda


um mapa de um sítio qualquer, de um outro pedaço de mundo que não a cidade de lisboa...aliás, agora que me aproximo percebo...é um mapa mundo.
um mapa descontextualizado mas que, ainda assim, tenta ser desvendado, tenta ser útil.
o indivíduo traz o mapa na mão esquerda enquanto sobe e desce da rua da saudade - está à procura de alguma coisa.
é um mapa mundo, como se encaixará ele na cidade? terá lisboa espaço para tanto?
ele acredita que sim.

entra agora numa travessa sem nome nem placa. um espaço não identificado, um espaço que não chegou a ser alguma coisa...e é isso que ele procura. e agora pula de alegria, não querendo saber do mapa amachucado que cai no chão e que é pisado por ele vezes sem conta. há um limoeiro no meio da travessa sem nome, nem mais acima nem mais abaixo...exactamente no meio. trepa a árvore como se fosse realmente preciso, trepa uma árvore que tem o seu tamanho.

um macaco que gosta de limões.

o indivíduo que encontrou no mapa mundo as coordenadas certas para um sítio não identificado, sabendo apenas que lá perto existe uma rua com nome de saudade.

é o indivíduo  numa das suas aventuras,em mais uma das suas histórias.
é o mundo na perspetiva de um louco (aos olhos dos outros).
é o mundo do individuo singular, que não quer ser compreendido, que não pensa em fazer-se compreender, pois já não há paciência para ensinar um monte de sobre-dotados de canudos a pesar as costas.

o indivíduo -  um homo sem qualquer necessidade de ser sapiens.


17 de janeiro de 2014

circunstâncias

é importante organizar as coisas para que as possas chamar na conjugação de qualquer verbo em pretérito perfeito ou imperfeito...pouco importa.
não saber coisa nenhuma, ou desejar qualquer coisa é demasiado vago e não queiramos exacerbar o uso das coisas.
o impreterível aqui é saber e querer arrumar as coisas para que, depois disso, as possas chamar de passado. ..um passado muito mais simplificado.