28 de junho de 2012

'pensar é poder sobreviver mais tarde'

questiona-te. impõe o teu ponto de vista. não sejas arrogante e escuta os outros. 'se pensas, existes'.se pensas, sobrevives. se pensas, és útil. não sejas mais um, sê tu.. ser único e individual. sobe a montanha, ou sobrevoa o atlântico. faz o que tu quiseres, e sempre da melhor forma possível. descobre-te a toda a hora. olha para trás, olha para a frente, olha para baixo, olha para cima. só não deixes de olhar e, já agora, não te distraias quando olhas demasiado tempo para trás, isto porque podes correr o risco de tropeçar. mas se o quiseres fazer, és livre. há quem goste de cair, no chão podem sempre encontrar-se coisas novas. 

chegou o verão

cheira a verão quando procuro a sombra, feliz em saber que o sol está ali a um passo. cheira a verão quando nem a maior barbaridade consegue criar qualquer tipo de impacto em mim. cheira a verão quando as ideias se multiplicam e os jardins são a minha segunda casa. cheira a verão quando as noites são longas e quentes, e há espaço para filosofias e especulações. chegou o verão, e adoro o seu cheiro e boa companhia.

21 de junho de 2012

'acima de tudo, mantém a certeza'




- quero subir o monte...vem, vamos subir o monte.
- mas não há caminho possível, é demasiado arriscado.
- não há como falhar, eu quero subir o monte. se o quiseres tanto como eu não haverão obstáculos instransponíveis. se foi possível a construção das pirâmides no egipto, se foi possível a descoberta da lei da gravidade, se o impossível se tornou sempre possível, porque haverei eu de contrariar esta minha vontade? eu não vou falhar, eu não vou cair. eu vou subir o monte, mas não te quero comigo se todas essas dúvidas permanecerem. serás uma má influência, não quero energias desviantes.
- és louco. só podes estar louco. será o teu fim.
- o meu fim só chegará no dia em que me negar a fazer aquilo que mais quero, e hoje não é um bom dia para isso. podes voltar, voltarei para casa em breve.
(a subida começou com a certeza sobre as costas)

19 de junho de 2012

(sor)rio



personagem 1.
passo segue passo e lá vai ele, avistando o rio. o seu ar é de contemplação, mas não chego a perceber se é o rio que o cativa ou se são só os seus pensamentos que o levam a fixar o rio.
personagem 2.
vai acompanhada. o homem fala, fala muito, e ela sorri. sorri apenas. as mãos entrelaçadas irradiam felicidade. está encantada e tudo o que consegue fazer é sorrir enquanto escuta as palavras do homem. aqui é o rio que contempla a felicidade.
personagem 3.
desliza no pavimento sobre quatro pequenas rodas e uma tábua. é ágil e destemido. a velocidade não o intimida, ou então o capacete transmite-lhe confiança. é meio metro de gente e o rio nada lhe chama a atenção. o seu primeiro e único objectivo é terminar o passadiço sem atropelamentos nem quedas inesperadas.
personagem 4.
sentado num dos bancos, com um livro sobre as pernas cruzadas, a cabeça não deixa de estar curvada e o único movimento que existe é o folhear de páginas, coisa que faz a uma velocidade louca. o rio só pode dar-lhe a concentração necessária, pois nem as mil e uma pessoas que à sua frente passam o fazem levantar a cabeça.

entre as muitas outras personagens, lá estava eu. de fones no ouvido direito, enquanto o esquerdo captava outros estímulos. de caneta na mão direita e bloco sobre as pernas para, de quando em vez, ir tomando nota daquilo que me circundava.
são vidas, são muitas vidas e nenhuma delas iguais. e gigante é o desafio que tenho em tentar decifrá-las. (olha! um turista acabou de me fotografar, também farei parte da recordação dele, mesmo sem intenção, hum...é a vida!)


17 de junho de 2012

página de diário

ontem tive um dia cheio como um balão de hélio,bem cheio de ar, mas bem seguro na mão, não correndo o risco de voar por céus excessivamente desconhecidos. Houve espaço para nostalgia e até mesmo um pouco de saudades. depois disso, respirei cada uma das notas perfeitas do brad mehldau e, nunca satisfeita, rumei à fabrica do braço de prata, onde a música me continuou a preencher as medidas. cheguei a casa. (re)li o principezinho e só depois me deixei dormir. ontem voltei a sentir-me criança e, mesmo sabendo que estou num mundo repleto de guias e manuais de utilizador, com os quais jamais me familiarizarei, foi um dia feliz.
hoje há músicas do mundo seguindo-se o tributo ao sassetti, onde pessoas tão grandes quanto ele nos transmitirão a sua genialidade imortal. mas, antes disso, há um pôr-do-sol a agregar à minha colecção, sendo que este vem com música de fundo, o que o torna duplamente mágico.
 hoje não giro ao contrário do mundo, hoje é ele que gira ao contrário por mim.

13 de junho de 2012

o senhor breton e a entrevista

'um verso não tem currículo. isto é: parece-me que um verso, quando é forte e bom, vem sem nada atrás, sem percurso; surge do zero. é muito grande durante o instante em que existe nos nossos olhos e na nossa cabeça, e depois desaparece.'

gonçalo m. tavares - o senhor breton

10 de junho de 2012

dilema

a frequência nem sempre se torna hábito. ou então o hábito, distraído, esquece-se da frequência e sente tudo como se da primeira vez se tratasse. terá o hábito episódios amnésicos? ou a frequência é esquizofrénica e assume vários papéis, deixando o coitado hábito baralhado!? 

8 de junho de 2012

espaço sem tempo

houve espaço para o brilho dos meus olhos deixar de ser mais cintilante do que o sol. houve espaço preenchido de tempo, muito tempo, tempo vazio. houve espaço amplo, tão amplo que mais pessoas se sentiram livres de se aproximar. houve amor que de amor tinha muito pouco, e amor que não cabia em palavras. houve espaço num tempo longo e num amplo sítio onde, para além das pessoas que chegam e partem (e ao espaço retornam), cresce a certeza, não do mesmo espaço, nem do tempo passado. cresce a certeza de que não há espaço nem tempo que (me) limite.

5 de junho de 2012

para-raios

o esclarecimento da dúvida que em mim se coloca é tão óbvio que me enganou.demorei demasiado tempo à procura de respostas nos sítios mais complexos e escondidos da minha mente quando, na verdade, nada mais havia a procurar e concluir para além disto:
sou 2 em 1. sou um para-raios, em que a sua utilidade só é valorizada em dias de tempestade e, ainda assim, por ser totalmente eficaz, tem tendência a ser desvalorizado.