19 de junho de 2012

(sor)rio



personagem 1.
passo segue passo e lá vai ele, avistando o rio. o seu ar é de contemplação, mas não chego a perceber se é o rio que o cativa ou se são só os seus pensamentos que o levam a fixar o rio.
personagem 2.
vai acompanhada. o homem fala, fala muito, e ela sorri. sorri apenas. as mãos entrelaçadas irradiam felicidade. está encantada e tudo o que consegue fazer é sorrir enquanto escuta as palavras do homem. aqui é o rio que contempla a felicidade.
personagem 3.
desliza no pavimento sobre quatro pequenas rodas e uma tábua. é ágil e destemido. a velocidade não o intimida, ou então o capacete transmite-lhe confiança. é meio metro de gente e o rio nada lhe chama a atenção. o seu primeiro e único objectivo é terminar o passadiço sem atropelamentos nem quedas inesperadas.
personagem 4.
sentado num dos bancos, com um livro sobre as pernas cruzadas, a cabeça não deixa de estar curvada e o único movimento que existe é o folhear de páginas, coisa que faz a uma velocidade louca. o rio só pode dar-lhe a concentração necessária, pois nem as mil e uma pessoas que à sua frente passam o fazem levantar a cabeça.

entre as muitas outras personagens, lá estava eu. de fones no ouvido direito, enquanto o esquerdo captava outros estímulos. de caneta na mão direita e bloco sobre as pernas para, de quando em vez, ir tomando nota daquilo que me circundava.
são vidas, são muitas vidas e nenhuma delas iguais. e gigante é o desafio que tenho em tentar decifrá-las. (olha! um turista acabou de me fotografar, também farei parte da recordação dele, mesmo sem intenção, hum...é a vida!)


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