29 de março de 2013

queijos frescos e latas de conserva.


reticências, é isso! todas as histórias de amor deviam incluir reticências no título. não vou ser tão exigente assim. todas as histórias de amor deviam incluir reticências ou no título ou na sinopse ou no prefácio. num deles deveria ser indispensável, sujeito a coima para os insubordinados. porque o amor é isso…uma eterna reticência e o que estão a fazer é publicidade enganosa, meus caros.
começamos com uma corrida louca para descobrir o que é isso do amor que toda a gente fala, para sentir o amor que toda a gente afirma sentir. e lá vamos nós (sim, todos nós) correndo incessantemente até que o primeiro sinal nos faz travar sem olhar para o que vem atrás. como não temos termo de comparação, lá ficamos temporariamente iludidos julgando ter encontrado o sacana do amor, achando que a eureka se fez bem cedo e quase a custo zero.
depois disso, tudo depende do prazo de validade: uns iludem-se mais tempo do que outros, dependendo do tipo de alimento a que se associem (se for um queijo fresco e uma lata de conserva, fácil será descobrir quem se apercebe do equívoco primeiro).
os queijos frescos, pobres coitados, recomeçam de imediato a busca, agora um pouco mais debilitados, mas não tarda juntam-se à corrida as conservas, igualmente abatidas. é… o falso amor atenua a procura.
entre um e outro falso alarme, vão-se descobrindo novas formas de desamor. umas vezes chegamos quase a crer que o amor é aquilo, outras nem tanto. 
pois é, não querendo generalizar, mas generalizando, chega sempre uma altura da vida em que, mesmo quando se sabe perfeitamente que aquilo que temos com um ou outro queijo fresco (ou até mesmo com a sardinha em lata), não é o amor sem reticências, fingimos que sim, por comodismo. o que é compreensível, pois passar uma vida a correr, 365 dias por ano, todos os anos da nossa vida, é difícil… não há quem aguente. 
por tudo isso e muito mais, meus amigos, não se esqueçam de mudar as sinopses, os prefácios e os títulos. ficaremos todos imensamente agradecidos e com menos expectativas em relação a esse extravagante, caprichoso e hesitante amor.


28 de março de 2013

então e tu samuel, o que é que fazes?


eu despeço-me o maior número de vezes possível. vejo as despedidas como recomeços.vejo-as  também como um curativo temporário (numa ferida permanente!). não espero um melhor ou um pior recomeço. só procuro um novo ponto de partida (o máximo de vezes possível!). agora que já te esclareci, é hora de dizer adeus.