11 de novembro de 2012

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o comboio abranda, é o cais do sodré.
cheguei a lisboa,
mas não a uma conclusão.
(fp)

10 de novembro de 2012

um banco de jardim



um banco que espera que o acaso lhe traga vida. um banco que vive do que os outros lhe pedem. um banco que sempre espera e, quando mais do que um o conhece, em simultâneo, não lhes falha. um banco sempre com espaço para mais um. um banco que guarda segredos e conhece muito de muitos de vós. um banco sem voz, que vazio se sente desprotegido.

chegam eles, de mão dada e de corações quentes. regressam ao sítio que os uniu com o mesmo sorriso que ali esboçaram pela primeira vez. chegam eles e sentam-se. ela cruza as pernas à chinês e ele sorri, aconchegando-se. recordam memórias, falam de projectos futuros, apaixonam-se e desapaixonam-se vezes sem conta num único instante. a mão entrelaçada na outra é complementada pelo abraço apertado que faz parar o tempo. o nevoeiro desaparece deixando ficar a chuva em sua vez. um pingo, dois pingos, três, seis, mais sete pingos que caem intermitentemente. nem eles, nem o banco se apercebem… o tempo parou ali.um minuto, dois, três, cinco minutos… o tempo volta a ganhar vida e a roupa está molhada. levantam-se, viram costas e começam a andar.  não importa o que se passou nesse espaço de tempo, o mundo nem sempre é a casa deles....o mundo nem sempre é a nossa casa.

e o banco lá fica, pacientemente, esperando mais encontros e reencontros, neste ou em qualquer outro mundo.

1 de novembro de 2012

apurar.
aperfeiçoar.
aprimorar.
é a perfeição e a busca ininterrupta pelo seu alcance.
uma correria desmedida pela polidez máxima,
uma fugida a sete pés do sujo, do vulgar.
são os olhos que se fecham para coisas,
 demasiadas coisas.
são os horizontes que se estreitam muito,
e cada vez mais.
são barreiras que impomos,
são limites que estipulamos,
e não devíamos.