30 de abril de 2012

calculismo

o que te escrevi... o que te escrevi, tu não leste. o que te escrevi, com tudo o que tinha, tu não conheces (nem mesmo as entrelinhas). o que te escrevi guardo para mim pois, na verdade, a nossa história não segue o mesmo caminho. e mesmo que me quisesses ler e mesmo que te deixasse ler(-me), não faria(s) sentido, não te associarias a tal personagem, a tal trajecto. 
temos olhos diferentes e por muito igual e estática que seja a imagem, a interpretação que dali tiraremos será o mais oposta quanto possível. somos díspares, sempre o fomos. só deixámos de saber viver bem na diferença, pois os opostos apenas se atraem momentaneamente, em momentos efémeros de paixão. depois disso, começa a busca incessante pelas parecenças, pela tão aclamada cara-metade. somos eternos seres insatisfeitos, o que procuramos nunca é bem aquilo que encontramos. projectamos em demasia e a queda é certa, pode tardar mas é certa e absoluta. o que me assusta é que somos seres tão previsíveis que a queda existe somente e apenas com o propósito de nos voltarmos a levantar. levantamo-nos e orgulhamo-nos disso. somos seres tão previsíveis e medrosos que, por vezes, só nos deixamos cair depois de já termos alguém para nos levantar.

e é por isso que o te escrevi..que o que te escrevi tu não leste...porque se torna imperativo eu sentir que não sabes tanto quanto eu. 

22 de abril de 2012

Lisboa (menina e moça)


És pôr-do-sol em todo o lado e mais algum, todos diferentes e, ainda assim,todos igualmente mágicos. És bebidas frescas com uma excelente música de fundo. És a noite, sempre agitada. És o cheiro a sardinhas, a castanhas e a morangos frescos. És história em cada novo recanto onde me perco. És gigante nessa tua imponência. És cultura. És arte. És jazz. És fado. És multicultural. És de todo o mundo e és de ninguém. És as 4 paredes da casa para os sem-abrigo. És banco de jardim com um chocolate quente, em dias cinzentos. És aviões... E tantos quantos chegam, também partem. Mas estou certa de que todos aqueles que chegam, de que todos aqueles que voltam, se (re)apaixonam e te sentem nesse teu brilho único, nesses pormenores impressionantes.
Mas, mesmo debaixo desse teu tamanho encanto estás a mudar, e eu mudo contigo. Será que conseguirei desvendar-te todos os mistérios? Será essa tua constante mudança algum dia responsável pelo meu desencanto por ti? Existirá desencanto possível para contigo!?
Sei apenas que se o meu passado existe, serão apenas dois os motivos: trazer-me o presente e ajudar-me a crescer. Porque tu, Lisboa, és (como jamais outro sítio foi) a minha casa, onde o meu coração acalma e se procura, sem nunca ter conhecido a vontade de daqui querer partir.

17 de abril de 2012

utopia

tenho uns quantos 'não-lugares' cativos e gosto deles assim, nesta visão fantasiada e imaginária.

14 de abril de 2012

note to myself

o que é simples, é falso;
o que não é simples, é inutilizável.

memórias que ecoam no vazio.

foste embora. as folhas ficaram espalhadas pelo chão onde um dia nos amamos. dispersas,pisadas,maltratadas com a chuva que sobre elas caem. as letras começam a perder-se enquanto o tempo passa. a caneta com que te escrevia perde a tinta e o papel que agora uso não ganha forma, branco sobre branco com monótonas linhas cheias de nada. perdi a fluência. expulsei-te. o tempo passa. passa o tempo e o tempo dói.
chegam os outros, dispostos a fazer parte da minha história. chegam os outros, com o coração cheio e de braços abertos dispostos a aceitarem plenamente a minha loucura. chegam os outros e eu privo-lhes a entrada. chegam os outros e eu continuo a olhar para as folhas caídas no chão que agora se começam a desfazer. continuo a olhar para elas e penso que não há nada que me faça largar tudo e recomeçar.

8 de abril de 2012

end of the altruist tour