30 de abril de 2012

calculismo

o que te escrevi... o que te escrevi, tu não leste. o que te escrevi, com tudo o que tinha, tu não conheces (nem mesmo as entrelinhas). o que te escrevi guardo para mim pois, na verdade, a nossa história não segue o mesmo caminho. e mesmo que me quisesses ler e mesmo que te deixasse ler(-me), não faria(s) sentido, não te associarias a tal personagem, a tal trajecto. 
temos olhos diferentes e por muito igual e estática que seja a imagem, a interpretação que dali tiraremos será o mais oposta quanto possível. somos díspares, sempre o fomos. só deixámos de saber viver bem na diferença, pois os opostos apenas se atraem momentaneamente, em momentos efémeros de paixão. depois disso, começa a busca incessante pelas parecenças, pela tão aclamada cara-metade. somos eternos seres insatisfeitos, o que procuramos nunca é bem aquilo que encontramos. projectamos em demasia e a queda é certa, pode tardar mas é certa e absoluta. o que me assusta é que somos seres tão previsíveis que a queda existe somente e apenas com o propósito de nos voltarmos a levantar. levantamo-nos e orgulhamo-nos disso. somos seres tão previsíveis e medrosos que, por vezes, só nos deixamos cair depois de já termos alguém para nos levantar.

e é por isso que o te escrevi..que o que te escrevi tu não leste...porque se torna imperativo eu sentir que não sabes tanto quanto eu. 

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