26 de outubro de 2015

ode aos meus

há dias cinzentos e os dias de outubro caracterizam-se por isso mesmo. 
para além da alteração do fuso horário, onde se perdem 60 minutos de luz todos os finais de dia em prol de uma luz matinal mais aceitável, hoje tive que me forçar à distância de um dos meus pilares. 2240 km é um número demasiado grande e sabes que sou de letras, os números não me fazem bem.
vou sentir a tua falta em todas as pequenas coisas. dos pequenos almoços sem fim, das tentativas de prática de desporto, das aulas de alemão, da maratona da tese, das falhas de energia,  das viagens de carro e da tua ingenuidade em acreditares sempre no meu sentido de orientação. vou sentir a falta da mesa na divisão da casa que nunca chegou a ter nome (e do tanto que crescemos com a troca de palavras por horas infindas). vou sentir falta da partilha de tudo e de modo tão natural, das verdades na hora certa, das horas de choro e de riso descontrolado, das tuas graças (sempre soberbas) ao universo. vou sentir a falta dos abraços, do respeito, do saber gostar, do saber ouvir, do saber e querer cuidar, mimar. 
brilhas tanto, sabes!? colónia não tem a menor ideia do presente gigante que acabou de receber.
vou continuar a escrever e tu vais fazer da música uma arte ainda mais incrível, pois acorda já é hora, tens o mundo a descobrir e todos os teus sonhos estão prontos a seguir.

hoje a ode é feita aos amigos, àqueles que se tornam família, que nos fazem felizes, todos os dias. e tu, és tudo isto e tanto mais.






20 de outubro de 2015

ode aos dias passados

contar o tempo pela norma enquanto se gosta sem fronteiras é um desafio.
os 365 dias volvidos reduzem-se, hoje, a uma contagem ínfima – e é tão desproporcional esta redução de escala.
ano 1.
o pedido acercou sem aviso prévio, o teu colo foi a casa e, com um segredo sussurrado, vi a vontade, senti a vontade, quis a vontade de um compromisso. quis mais, quis cada vez mais. as consequências perderam peso, o querer tornou-se imperativo.
dizem os poetas que o amor pode ter formas estranhas, mas ver em ti refletida a forma exata do que procuro sem que, ainda assim, o consiga descrever, é transcendente.
hoje não me acuso poeta, nem te escrevo a rimar.
hoje digo o que sinto, e que vieste para fica
r.


18 de outubro de 2015

diz-me em que estás a pensar

crês que o que escrevo tem o propósito de te regalar, comover;
crês nas palavras com destino certo;
mas as palavras que debito nem a mim pertencem;
a não ser nos breves instantes em que as escrevo e quando, tola e brevemente, acredito dar sentido à amálgama de perguntas que me (per)seguem.
epifania escassa traduzida numa espontaneidade fluída - o deslumbrar dos meus sentidos transcritos num abc universal.
não sei se te escrevo, se me escrevo, se te comovo, se te ocupo, se me lês, se me lembro do que aqui debito.

e atrai-me esta ignorância, circunstância e todas as reticências passíveis, possíveis.