5 de maio de 2012

com regresso previsto

sentei-me. e é sempre esta a sensação. mesmo com regresso previsto há o nervosismo que parece nascer do assento. 17h30. partes. e levas-me contigo. à hora certa, sem atrasos, sem falhas, salvo rara excepção. fico ainda mais inquieta e lembro-me do dia em que cheguei, para ficar. vejo a ponte, é sempre esta a primeira imagem que me surge aquando da memória da minha chegada. já não a vejo. deixei-te e, mesmo mesmo com regresso previsto, sinto sempre que a minha partida trará sempre arrependimento na ânsia de ter ficado algo por viver. a culpa é tua e dessa velocidade que dita a velocidade de ideias que me ocorrem, e quanto mais andas, mais me obrigas a ver e a absorver.

- bem, é hora de acalmar. 

ligo o ipod e nenhuma música se ajusta ao meu estado. opto por ignorar que a oiço. tento ler mas dou por mim a olhar pela janela e a divagar. surgem os se's, os porquê's, os quem sabe. 

- pára! não quero projectar, muito menos recordar. 

quando a autoridade quase atinge o meu cérebro a música parece aumentar o volume para o triplo. deixou de ser ignorada, sem autorização prévia. não mostro parte fraca. desligo o ipod. fecho o livro. tiro o som ao telemóvel. fecho os olhos. 

- sou mais forte do que tu. ouviste? mais forte.

de olhos fechados as letras começam a surgir. (que perseguição!) não as quero, agora não. fecho os olhos, agora com mais força ainda e penso em preto, preto, preto. (é isso o que quero ver)

- bolas! (surge o branco) tu sabes que sou anti-preto no branco. mas desde quando é que tens vontade própria?

desisto. agarro a mala. guardo o livro.abro o estojo. tiro a parker. fecho o estojo. agarro o caderno. fecho a mala e volto a pô-la no chão. pouso o caderno e a caneta no colo. olho lá para fora, como se fosse a última vez que o pudesse fazer. vou ao bolso. tiro o ipod. ligo o ipod. aleatória, música aleatória. abro o caderno. escrevo a data.

hoje é sobre ti que escrevo. 

- satisfeito?



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