29 de agosto de 2012

entre a ausência e a distância há sempre uma dose de saudade.

a ausência é rude mas essencial.
a distância é cruel mas necessária.
a saudade é suicida e magoa.

temos a ausência sem a distância,
que dificilmente conseguimos gerir.
é o corpo presente onde os olhares não mais se cruzam,
onde os sorrisos não mais se partilham.
e ali está,
aparentemente à distância de um esticar de braço,
tudo aquilo que não mais alcançaremos.

temos a ausência com distância,
onde o mau estar se acentua prematuramente,
onde tudo aquilo que vemos não é nada mais do que uma miragem,
uma imagem distorcida do que um dia foi realidade.

temos a saudade,
infeliz saudade,
consequência da ausência,
consequência da distância.

temos a saudade,
que nada mais é para além de um buraco para onde atiramos tudo aquilo que nos faz falta.
um buraco alimentado de passado e de memórias.


temos a saudade,
onde se torna problemática a distinção entre um passado que alimentámos e não queremos viver,
e um passado que estupidamente deixámos morrer à fome e nada mais podemos fazer para inverter a catástrofe.





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