11 de fevereiro de 2013

se não arriscares nada, estás a arriscar muito mais



pensemos na vida como uma melodia. o homem não pode ter uma melodia exata mas quem o queira e tente, rapidamente se aperceberá da monotonia de tamanha exatidão e do vasto mundo que está a perder. o homem é feito de canções, de mudanças bruscas de grupo musical ou, para os mais conformados, de uma grande panóplia de possibilidades dentro de um mesmo estilo.
sou uma jukebox. em dias de sol o jazz e as vozes femininas movem-me, já nos dias de chuva rendo-me ao indie. em dias de festa sou música popular e até mesmo um pouco de pop. agora, se me pedissem para me render a uma única e repetida melodia, o pedido seria negado. fechar horizontes equivale a uma cegueira consciente e voluntária. fechar horizontes indica a perda de tudo o que nos negamos a ver, ser, ouvir e sentir. fechar horizontes traz perdas incontornáveis aleadas à ignorância.
voltando à música, aliás, voltando ao homem, vão sempre existir músicas que, por muita persistência que tenhamos, não entrarão no ouvido, muito menos serão do nosso agrado, mas só o saberemos se conhecermos, se estivermos dispostos a conhecer e a educar o nosso ouvido. a isso chama-se arriscar, percorrer caminhos novos, sejam eles de terra batida ou de calçada portuguesa. sejam eles estradas longas e retas ou uma subida íngreme, seguida de curvas e contracurvas. para a frente é o caminho, a estagnação traz inércia, e a inércia traz o risco de nos perdermos de nós mesmos.
o homem que arrisca segue instintos, intuições, muda a cor do cabelo e sabe remediar. o homem que arrisca é a música que improvisa no contratempo. o homem que não arrisca é o conformado, que perde o que se nega a conhecer, que vive no seu mundo aleando-se dos outros e afastando-se dos demais. o homem que não arrisca é a música não curiosa com um simples ritmo que não passa de um compasso de quatro tempos.
é uma balança claramente descompensada a da música ditada pelo risco. 
sejam bravos e dancem!


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