a velocidade do indivíduo é uma questão de perspetiva. não
temos um velocímetro incutido no nosso organismo ou, se o temos, não está
sujeito a peritagens regulares estabelecidas por regras universais. o ritmo ao
qual nos impomos deve sobrepor o ritmo que naturalmente nos guia? chegar o
mais-breve-possível-ao-virar-da-esquina é assim tão importante? ou o que importa é o final da estrada? posso decidir
correr e chegar mais rápido (estando inerente o risco de perceber erradamente a
meta e chegar primeiro sim, mas ao sítio errado), posso abrandar o passo de
forma a ajustar a minha velocidade à de outros, posso atrasar o passo e seguir
o rumo que mais me convém, posso cortar caminho, posso vendar os olhos e ir sem
destino. na realidade, posso tudo se não houver controlo do desconforto.
em boa e curta verdade, a velocidade gira em torno da tua
sincronização e dessincronização com os outros e contigo mesmo. e, por muito
que tentes, nunca irás saber a velocidade exata que percorres, nem que os
outros percorrem, nem que tencionas correr. o problema (ou a virtude) do código
do velocímetro humano é a inexistência de sinalização.