7 de novembro de 2010

Repara

Repara,
ainda bate. e a cada passo a vida corre mais depressa. o cair é rápido e o levantar mais fugaz, menos sofrido.
Repara,
já não escorrego nas palavras boas, nem nos gritos maus.
Repara,
mesmo quando bate, não sei porque bate. nem o que procura. não sei se te procuro, se nos procuro, não sei, juro...eu não sei.
Repara,
perdemos-nos algures, no passado. e dei pela tua saída quando a porta bateu e, dessa vez, a campainha não tocou logo de seguida.
Repara,
escondo-me atrás das palavras. cobarde. não tenho rosto e desenho linhas perfeitas recheadas de palavras iguais. palavras iguais? minto, são palavras acusadas que serão julgadas.
Repara,
gostar demais, dar demais, pensar demais, errar demais, esquecer demais, provocar demais, atacar demais. demais? ou de menos? não sei, juro...eu não sei.
Repara,
encho-me de memórias. e quando me perco nelas, tenho medo, juro, eu tenho medo.
Repara,
sou amnésica quando as palavras me apunhalam o peito.
Repara,
isto não é nada. nem o que parece, nem o que não é. nada se relaciona.
Repara,
dói no tempo. e olha, o tempo dói.
Quero descalçar-me de tudo o que me aperta e me distorce.
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