a vida é irónica,não a consigo ver de outra
forma. já não se trocam apenas as roupas, nem os lençóis de cama,agora
invertem-se papéis com tanta ou mais frequência do que a própria troca de
roupa. num instante remoto somos papel principal passando, quase que em
simultâneo, para figurante de cena. somos ‘o todo, num instante’, efémero. deambulamos
de um lado para o outro, com rumo incerto mas, ainda assim, convencidos de que
aquele é o caminho que queremos cruzar. somos camaleões sorrateiros, por vezes
destemidos, quando nos tentamos camuflar no absurdo, cativados pela curiosidade
alheia, pelo risco,pela troca de papéis.
na verdade, cada um de nós descreve o
seu filme enquanto personagem principal, o problema, ou a agradável surpresa, é
quando assumimos presença no filme de outros. são muitos caminhos que se cruzam
e ainda mais aqueles cujo caminho se deveria conjugar de outra forma. são caminhos
que seguem juntos para sempre e outros que seguem rumos diferentes. são caminhos
intermitentes. são caminhos de terra, caminhos com calçada portuguesa, são
caminhos que se cruzam em dias de chuva e de sol. são atalhos. caminhos, todos
eles responsáveis pelo filme de cada um de nós.
o meu filme é diferente, sinto-me a narradora
de todos os caminhos que comigo se cruzam, tendo a particularidade de ter uma
visão global, tornando cada um dos meus passos muito mais meticulosos.
às vezes gosto do meu filme, noutras vezes tenho vontade de mudar o guião.
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