21 de janeiro de 2015

devaneios distantes

a distância é crua e impeditiva, impossibilitando a partilha no presente, impedindo a partilha no futuro que sempre espreita na esquina mais próxima.
a distância deturpa as medições, é o tempo dessincronizado nos quilómetros que perdem fim à vista.
a distância é olhar o horizonte no mar e o tentar incessante no delimitar da linha - por muito que não a consigas alcançar e limitar, por muito que a tua visão deturpe o que vês, não desistes de o fazer e insistes - queres ver sempre mais longe.

não podemos considerar a distância estanque uma vez que pelo menos uma de duas conclusões resultarão dela: deixarmo-nos vencer e apagarmos o que está do lado de lá, ou aumentarmos desproporcionalmente os sentires, os gostares.



4 comentários:

  1. Penso que queres dizer: "não podemos considerar a distância estanque uma vez que pelo menos UMA DE duas conclusões resultarão dela: deixarmo-nos vencer e apagarmos o que está do lado de lá, ou aumentaRmos desproporcionalmente os sentires, os gostares."
    Assim fará mais sentido :-) acho...

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  2. A distância sincroniza-se com o eco da memória, pacificador ou agitador dependendo da evocação que o motiva. A sincronização representa a aproximação simbólica, desejada, provavelmente não vivida.
    A distância deturpa as medições, a proximidade perturba as visões, a vaidade confunde as emoções.
    Para se apagar o que está do lado de lá implica encontrar e viver o que está do lado de cá, implica sincronizar vontades, necessidades, desejos, visões. Implica simbiose.
    Aumentar desproporcionalmente os sentires, os gostares é o assumir da existência de uma possibilidade de mudança, de aproximação de encurtar de espaços e tempos dessincronizados. É a tentativa de sincronia em algum destes tempos, espaços e mente.
    Procuramos com a proximidade fingir reduzir distâncias quando, na verdade, estamos mais próximos de quem estamos longe do que de quem temos perto.
    As distâncias são mais que uma expressão de espaço e de sincronia, são estados subtis de preenchimento, de identificação, de linguagem, de signos. Cada um destes determina o tamanho da distância, se a perdemos de vista no horizonte infinito ou se a podemos tocar e encurtar.
    Tudo depende de nós, do quão conscientes somos das nossas vontades, das nossas reais necessidades, dos nossos sentires, dos nossos gostares.

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