9 de fevereiro de 2015

conflitos meteorológicos d'O indivíduo

o dia era de sol, com aquele calor insuportável cuja permanência à sombra se torna obrigatória. mas ele não ligava a isso. trazia vestida uma camisola de lã azul a fazer pandam com a côr do céu daquele dia. junto ao pescoço espreitava uma camisa aos quadrados. mas não era a camisa da côr-do-céu-do-dia que saltava à atenção, muito menos as calças de ganga mais-do-que-gastas, o gorro e as botas pretas. trazia com ele um guarda-chuva-que-também-guarda-sol colorido, a assemelhar-se a um arco-íris. e eu, que me abrigava do sol,  olhava o indivíduo com estranheza.

ele sorria.

decidi vencer o sol.larguei a sombra. aproximei-me.questionei-o porque o fazia.
hoje acordei e senti-me num daqueles dias cinzentos, daqueles em que a chuva não é uma ameaça mas sim uma certeza irrevogável. fui até à janela e vi o sol brilhar, a brilhar tão intensamente que quase me ofuscou. entrei em conflito, como podia eu sentir-me chuvoso num dia-em-que-o-sol-ofusca?! fui ao armário e vesti a roupa mais quente que tinha. saí à rua de seguida, não sem antes agarrar o guarda-chuva-às-riscas. sim, guarda-chuva.. porque em dias de conflitos meteorológicos nada melhor do que poder ser um arco-íris, não achas?
não soube o que lhe responder.quando souber, voltaremos a trocar palavras.

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